Já sabia da riqueza cultural de Marrocos. Mas foi em 2007, em uma conversa com a Rainha das 7 Encruzilhadas, guia espiritual da Umbanda, que todos os caminhos começaram a me levar naquela direção. Em 2009, durante uma residência artística em Londres, trabalhei com o baixista e produtor Dr. Das, do Asian Dub Foundation. Foi dele que ganhei de presente um Guimbre, instrumento usado em rituais dos Gnawa de Marrocos. Ainda em 2009 fui para o Senegal tocar com a cantora Ligiana e lá conheci a produtora marroquina Ghita Khaldi. No ano seguinte, no Brasil, conheci o músico marroquino Mehdi Nassouli – e assim fui conhecendo mais e mais sobre o Marrocos, verdadeira encruzilhada cultural. Por cerca de 800 anos, a Península Ibérica foi uma região moura. “Mouro” foi um termo usado pelos europeus para definir árabes na Idade Média, que só deixaram definitivamente a região em 1498 e foram para Marrocos e outras regiões do Norte da África. Assim, Marrocos e Brasil tem uma herança comum: somos povos irmãos. Há diversos instrumentos que traduzem a herança desse época, como a zabumba, o pandeirão e gaitas. Também acredito que algumas das danças brasileiras sapateadas, como o fandango e a catira, podem ter relação com essas heranças culturais.