MM0032 – Pra Iemanjá (2016)

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Com um tema instrumental de devoção a Iemanjá e um batuque makossa, DJ Tudo lança em compacto o primeiro trabalho com execução e arranjos da sua banda Gente de todo lugar – diferentemente de seus cinco trabalhos anteriores em que reuniu músicos e sessões de gravações em diversos países. A linguagem sonora é uma significativa soma de toda a sofisticação desenvolvida pelo músico como agente catalisador, em suas diversas correntes de pesquisa rítmica e de riqueza cultural, desde o sertão brasileiro até recantos menos frequentados do planeta.

O lado A, “Pra Iemanjá” é um jazz afro-brasileiro de DJ Tudo gravado ao vivo com ele ao baixo e Gustavo Souza (bateria e sampler), Monica Santos e Rafa Ella Nepomuceno (percussões), Rafael Martinez (guitarra), Marcelo Monteiro (flauta), Amilcar Rodrigues (trompete) e Filipe Nader (sax barítono). O arranjo do tema de percussão é de uma antiga e expressiva parceira do produtor, Simone Sou, brasileira radicada hoje na Holanda.

No dançante lado B, “Moda do Racismo – Sinhá Sereia” há uma fusão de duas modas compostas e cantadas por Dona Anecide Toledo. Os instrumentistas citados acima, juntaram-se Cesinha e Kelli Garcia (no coro e na percussão). Natural da cidade de Capivari, Dona Anecide, de 86 anos, é a mais importante compositora e intérprete do batuque paulista e é um símbolo de resistência dessa cultura na região. Bello a conheceu em 2000 na festa de São Benedito de Tietê-SP, e a partir nutriu respeito e admiração por ela.

O mundo musical de Alfredo Bello, hoje mais conhecido como DJ Tudo, baixista, produtor e pesquisador, virou há quase 30 anos de carreira, desde que largou emprego de office boy e comprou o primeiro instrumento. É bacharel em contrabaixo acústico pela Universidade de Brasília. Com trabalho de pesquisa e parceria com sua gente de todo lugar, acaba de ser contemplado pelo 26º Prêmio da Música Brasileira por “Gaia Música Vol.1”, como melhor álbum eletrônico.

Como pesquisador e criador do selo Mundo Melhor, criado há 12 anos, mergulhou fundo na cultura brasileira gravando congados, maracatus, carimbos, afoxés, banda de pífe, baianá, folias de santos, entre muitas outras tradições e lançou mais de 30 títulos. Tem um precioso acervo de mais de duas mil horas de gravações e é um trabalho único de aprofundamento no Brasil contemporâneo, de extrema importância para preservação da cultura brasileira.

Texto por: Lauro Lisboa Garcia – Jornalista Musical – Julho 2016

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